Modernismo no mundo árabe: Pavilhão do Barém na Bienal de Veneza

O pavilhão do Barém na Bienal de Veneza 2014 explora a condição do país - localizado na extremidade leste da região pan-arábica - para investigar o impacto da modernidade no mundo árabe: primeiramente como uma imposição colonial; depois como uma tentativa local de reconciliar a cultura global e árabe; e finalmente como uma aceitação dos ideais neoliberais.

A exposição reúne 100 projetos de todos os estados árabes com a intenção de consolidar e preservar o conhecimento desse período crítico. A própria instalação, uma enorme prateleira de livros, é a manifestação dessa pesquisa e será disponibilizada no Centro Árabe de Arquitetura após o fim da Bienal. 

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© Nico Saieh

Do catálogo Oficial da 14ª Exposição Internacional de Arquitetura. No momento em que o mundo árabe está em turbulência, parece relevante para Barém, o extremo leste da região, avaliar o que permanece do projeto pan-arábico, um projeto político e cultural transnacional nascido no início do século XX que coincidiu com o nascimento da modernidade na região. Sob domínio otomano, que se estendia de Bagdá a Tiemcen (Argélia), as forças coloniais europeias inscreveram o início de um projeto modernista, primeiramente através de uma infraestrutura de linhas férreas e então, progressivamente, com o fim do Império Otomano após a primeira Guerra Mundial, com ambições colonialistas mais evidentes que foram traduzidas através de um projeto territorial de modernização em nível tanto arquitetônico como urbanístico.

© Nico Saieh

De masterplans modernistas para a Argélia a importações de influência soviética construídas em Damasco e a arquitetura Art Déco feita de adobe em Bagdá, as sementes do projeto moderno chegaram a partir de uma perspectiva externa, e foram comumente percebidas desse modo. Elas foram atrasadas por um curto período entre 1950 e 1970 devido a tentativas da arquitetura moderna de conciliar especificidades e materiais locais com as inovações coloniais da época. Os arquitetos árabes estavam experimentando com a arquitetura moderna, eles almejavam pertencer a um movimento internacional, ainda que respondendo ao contexto local. 

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A partir do final dos anos 1980, as sementes do projeto moderno foram abortadas pois o contexto político envolvido e as mudanças estruturais do projeto moderno se tornaram difíceis de conciliar. O mapa colonial foi gradualmente substituído pelos modelos do mercado imobiliário ao passo que ideais neoliberais foram livremente adotados e geralmente aceitos como o novo modus operandi, introduzindo uma mudança na compostura política e econômica da região, do Mashreq à região do Golfo.

© Nico Saieh

A exposição foi concebida como uma leitura subjetiva, não exaustiva e, por vezes, fictícia do legado arquitetônico dos últimos cem anos no mundo árabe, iniciada como uma primeira tentativa de salvaguardar o patrimônio de arquivos arquitetônicos dessa região. 

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Sobre este autor
Cita: Basulto, David. "Modernismo no mundo árabe: Pavilhão do Barém na Bienal de Veneza" [Modernism in the Arab World: Bahrain's Pavilion at the Venice Biennale] 02 Set 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/626636/modernismo-no-mundo-arabe-pavilhao-do-barem-na-bienal-de-veneza> ISSN 0719-8906

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